Nos tempos que correm, a leitura parece arriscar tornar-se um prazer esquecido. Confrontados com uma longa lista – e em contínua expansão – de sugestões sobre como ocupar os tempos livres, pegar num livro pode não ser a escolha imediata. Mas, a verdade é que não precisa de ser assim.
Vou falar-te dos ditos “clássicos”. Estas são obras incontornáveis da literatura, aquelas cujos títulos todos conhecemos e constam em toda e qualquer seleção de livros must-read.
Sabemos que devido à sua fama (e, por vezes, à densidade), ler um deles pode parecer intimidante. Com isso em mente, temos uma lista de cinco obras – de vários géneros, e todas elas igualmente dignos do título “clássico” – mais acessíveis:
Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago
Enquanto único português a vencer o Prémio Nobel da Literatura, a obra de José Saramago é mais do que merecedora da nossa atenção. Talvez te tenhas cruzado com títulos como O Ano da Morte de Ricardo Reis ou Memorial do Convento durante o secundário, pelo que hoje recomendamos o Ensaio sobre a Cegueira.
O enredo principal centra um surto de cegueira, dando lugar a um cenário que assume contornos cada vez mais extremistas e violentos, à medida que as diferentes personagens são vitimadas pela doença. Um clássico imperdível da literatura portuguesa, Ensaio sobre a Cegueira é um retrato das piores facetas da natureza humana.
Circe, Madeline Miller
Será difícil invocar obras de estatuto superior ao da poesia épica assinada por autores como Homero e Virgílio seja indiscutível. No entanto, atendendo ao acessível, a segunda entrada nesta lista é um clássico contemporâneo, informado por um passado mitológico.
Madeline Miller lança sobre a eterna feiticeira da Odisseia um olhar intimista, que a humaniza e permite ao leitor compreender os seus medos e decisões ao centrar a perspetiva feminina. Contando com a presença de várias divindades fascinantes e imediatamente reconhecíveis, Circe é inesquecível.
The Importance of Being Earnest, Oscar Wilde
The Importance of Being Earnest é uma das mais famosas peças de Oscar Wilde. O estilo lírico típico do autor surge nesta sua obra de forma mais subtil, optando por fazer sobressair a vertente cómica do enredo.
A progressão da história traz consigo um escalar de consequências dos vários mal-entendidos em que se veem envolvidos os dois protagonistas, dando lugar a situações verdadeiramente caricatas e culminando num final onde o ridículo e os risos se fundem num só.
Emma, Jane Austen
Jane Austen mantém-se uma referência no mundo da literatura clássica inglesa. As suas obras têm servido de base para algumas das mais célebres adaptações cinematográficas dos últimos anos – entre elas, Emma é uma das melhores histórias da autora.
Deixada ao cuidado de uma escritora menos hábil, a excessiva autoconfiança e tendência para distribuir conselhos (seja ou não a sua perícia solicitada) de Emma Woodhouse serviria apenas para criar uma protagonista desagradável – mas, o que Jane Austen apresenta ao leitor é nada menos do que uma sucessão de episódios deliciosa e hilariante.
The Great Gatsby, F. Scott Fitzgerald
Enquanto clássico literário, também The Great Gatsby foi adaptado para cinema – de entre as várias produções que trouxeram ao grande ecrã os loucos anos 20 descritos por F. Scott Fitzgerald, a mais recente, teve como diretor Baz Luhrmann.
O excesso visual presente no filme é igualmente vibrante que encontramos na escrita do autor: o luxo, as cores e o ritmo da época parecem fazer vibrar cada palavra impressa, enquanto as personagens enfrentam paixões, traições e tragédias que parecem assolar as suas vidas.